viver de invernos...Desde 2018 eu estou vivendo o 4o inverno, ou melhor outono-inverno a mesma estação no hemisfério sul e no norte. É curisoso essa escolha para alguém que não tolera muito bem o frio e mais do que isso, precisa de pouco para entrar em sua própria caverna. Dias fechados e frios são normalmente um bom convite. Uma outra coisa que também faz parte da minha constituição é a abertura para vivenciar as experiências, é isso que me alimenta e inspira. Então sem mimimi eu me abri para esses momentos.
Uma das coisas mais interessantes é aprender a valorizar o sol. Como nasci e cresci num país tropical o sol sempre esteve por perto, então a gente acaba não fazendo disso um grande evento. Isso eu aprendi vivendo uns invernos mais bravos... quando o sol aparece, não importa a temperatura, é um momento de tanta alegria que você acaba escolhendo fazer mais coisas externas para aproveitar o dia. Outra coisa muito bacana dos locais de inverno mais severo é o fogo, ele é um elemento presente independente do poder econômico. É mais barato aquecer as casas e as pessoas com o fogo por perto do que com aquecedores. As casas sempre tem uma lareira no mínimo. As mais antigas tem até uma inteligência embutida nas paredes que usa o calor da lareira para aquecer a casa toda, com janelinhas de respiração. O fogo sempre foi hipnotizante para mim. Acho lindo o dançar das chamas as cores e como o seu calor tem poder de tornar os ambientes confortáveis. Deve ser por isso que usamos o adjetivo caloroso para descrever conforto muitas vezes. Entretanto, não dá para negar que outono-inverno é um tempo de reclusão. O sol nasce mais tarde e vai embora mais cedo, os dias são curtinhos. O humor e o comportamento das pessoas fica mais para dentro. E dependendo do que está acontecendo na vida do lado de fora, esse período pode ser bem desafiador. Nesse momento, na Tunisia, estou vivendo esse período a beira-mar. Isso sim é novo para mim. Embora não esteja tão frio quanto estava na França, os dias bem fechados e com muito vento são assustadores. Dá para ver Netuno revoltado lá no mar e isso reflete no humor das pessoas. Se não vigiarmos há uma chance enorme de entrarmos nessa onda de humor picante. É um exercício de autoperceção constante para identificarmos o que é nosso e o que é do meio. Há alguns dias eu não consegui distinguir e me joguei hoje eu consegui perceber que apesar da introspecção, convidada por tantas camadas de roupa e atividades internas, eu estou em paz mesmo assistindo a revolta de Netuno pela janela. Até porque faltam 11 dias para o solstício do inverno. Ainda não chegamos no dia de menor luminosidade por aqui. Sabia que dá para acompanhar isso? Eu vejo nesse site aqui: www.sunrise-and-sunset.com
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Ligia Correia
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Dezembro 2019
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